domingo, 2 de outubro de 2011

Dia 1 - Adelaide


Aproximando-me de Adelaide pela periferia, lembrou-me muito Presidente Venceslau, o imperdoável cu de mundo no qual meus antepassados foram amaldiçoados com o castigo de lá nascer. Casinhas térreas, quintalzinho, tudo cenográfico e limpinho, e sem um presídio ali do lado.
O centro da cidade parece a perfeita concretização do contubérnio entre Ottawa e Houston, isto é, se cidades tivessem genitália para copular. Quando a gente vem parar do outro lado do planeta e começa se lembrar de outras cidades igualmente distantes que visitou, tem que por a mão na cabeça e pensar em todos os artigos que não publicou, na tese que só enrola e não escreve nunca...
E tem o sol... À sombra, uma brisa geladinha gostosa, mas passar um mês torrando sob o astro-rei inclemente despertará o mais enrustido Mussum que se esconde dentro de mim. Metade dos australianos têm, ou terão, câncer de pele, diz o guia. Como vaso ruim não quebra, eu só vou ter aquelas peles horrorosas descascando dos ombros.

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