"I come from a land down under Where beer does flow and men chunder Can't you hear, can't you hear the thunder You better run, you better take cover." MEN AT WORK
domingo, 2 de outubro de 2011
Dia 1 - Adelaide
Aproximando-me de Adelaide pela periferia, lembrou-me muito Presidente Venceslau, o imperdoável cu de mundo no qual meus antepassados foram amaldiçoados com o castigo de lá nascer. Casinhas térreas, quintalzinho, tudo cenográfico e limpinho, e sem um presídio ali do lado.
O centro da cidade parece a perfeita concretização do contubérnio entre Ottawa e Houston, isto é, se cidades tivessem genitália para copular. Quando a gente vem parar do outro lado do planeta e começa se lembrar de outras cidades igualmente distantes que visitou, tem que por a mão na cabeça e pensar em todos os artigos que não publicou, na tese que só enrola e não escreve nunca...
E tem o sol... À sombra, uma brisa geladinha gostosa, mas passar um mês torrando sob o astro-rei inclemente despertará o mais enrustido Mussum que se esconde dentro de mim. Metade dos australianos têm, ou terão, câncer de pele, diz o guia. Como vaso ruim não quebra, eu só vou ter aquelas peles horrorosas descascando dos ombros.
Dia 0 - Mais de 24 horas quase sem tirar de dentro
Só agora comecei a entender o lance dos fusos-horários...Não chego a ser assim um filho de pais abusivos que perdeu a infância, mas sinto que perdi um dia de minha vida, pois embarquei em 29/09 e cheguei em 02/10. Que foi feito de meu dia 01 ?
Em algum momento dos voos de São Paulo para Santiago para Auckland para Adelaide, Akiko (esta incompreesível heroína sofredora, que já pelo terceiro ano consecutivo se resigna de bom grado a desperdiçar um mês inteiro de sua breve e vã existência em minha lastimável companhia) me perguntou o que eu ainda fazia com aquele chiclete na boca, pois já deveria tê-lo cuspido horas e horas atrás. Inspirado pela altitude e pela pressurização em meus ouvidos, respondi:
-Nesta vida há dois tipos de pessoas: aquelas que cospem e aquelas que engolem...
Mesmo intuindo todos os desdobramentos antropológicos e psicodinâmicos deste postulado,o banheiro do avião ficou vago, e acabei me distraindo dele.
Nossa missão
Este blog tem a missão de garantir que mesmo à distância eu continue exercendo minha inadvertida pestilência sobre coitados desavisados, ou nem tanto, e oferecer a alguns poucos que incompreensivelmente me querem bem a possibilidade de exercitar sua ociosidade vendo fotos de qualidade e relevância duvidosas às vezes até mesmo para o próprio autor. Todas as postagens serão masoquisticamente digitadas num tecladinho virtual medonho de iPad, o que me valerá o pagamento de karma suficiente para adiantar umas quatro encarnações. Ainda assim peço desculpas aos que perceberem e, sei lá por que, lamentarem a ausência de minha usual loquacidade...
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