segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dia 17 - Queenstown



Algumas experiências são tão salientes no repertório de comportamentos humanos que, não importa se temos alguma vocação ou interesse específico por elas, é empobrecido passar pela vida sem tê-las ao menos provado. Como fumar um baseado. Visitar Paris. Dar a bunda. Das três, duas já fiz. E há então o suicídio, desde Camus a única questão filosófica realmente relevante. O mais radical ato de afirmação de liberdade humana, também o derradeiro. A iniciativa com a qual alguns pontuam suas existências para que a enunciação destas ganhe sentido. Ou com a qual renunciam definitivamente à fantasia de que algum sentido maiúsculo é possível. O que diferencia o suicídio da, como já citada, sodomia, é sua irreversibilidade, mesmo após muitas semanas do uso intensivo de Hipoglós dinossauro, o que torna tecnicamente difícil usufruir de uma amostra grátis.
E eis que então, há umas tantas semanas, uma amiga com quem eu conversava sobre minha iminente viagem à Oceania, descreveu o salto de bungy jump que havia dado como uma experiência de quase-suicídio, e dentro de mim se fez luz (não, continuo não falando de sexo anal...). Acabo de agendar meu salto para amanhã!!! A maior e mais célebre plataforma para esta atividade no planeta. 260 exorbitantes dólares, não reembolsáveis. O cagaço me devora e me consome, mas minha mesquinhez é bom motivo para impedir meu acovardamento. Amanhã, por 6 segundos e 134 metros, morrerei um pouquinho. E, se tudo der certo (ou errado, dependendo do referencial), descreverei tudo para vocês um ou dois abnegados leitores.

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